domingo, 31 de outubro de 2010

"Se tudo passa ..."



Ah, meu eterno amor!
Você me deixou na relegada a solidão...
Pobre de mim... Busco meu bem querer!
Busco teus olhos estrábicos... o olhar expressivo e marcante
Teu gene dominante para o meu recessivo
Olho para os meus “dedos de batoca”
Você os trocou....
E eu na minha pequenez me achei tão grande!!!
Mas o teu “desespero” é tão maior
Sou quase um nada! Um cisco!
Solitário e iludido, eu!
Se Deus existe, se tudo passa...

(novembro 2010)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Leveza"


O que outrora chamaste "desespero" tem nome próprio e pele clara!
Tem o peso da dor eterna de minh'alma
Hoje o teu desespero traz presente
E eu não seria capaz ... Não está traçado nas linhas da minha vida.
O teu desespero é agora tua alegria e é tão bonita...
É a razão de quietação e leveza da minha calma!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Não me mate dentro de ti!"



"Sutilmente"

(Composição: Nando Reis e Samuel Rosa)

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Por onde andei, bem te vi?




"Bem-te-vi! Bem-te-vi!"
Ecoa nos céus do Itaim a voz dos pássaros que felizes cantam pousados nas antenas de tv.
Tenho pena de ti que não pode apreciá-los, em bando acordando os amanhãs.
E de novo, de tão perto ele retumbante insiste: "Bem-te-vi, Bem-te-vi!"
De longe, tão longe, uma suave voz de fêma responde... "Bem-te-vi!" Será sua parceira?
Todos têm seu par!
E eu sinto pena de ti. Que colocou em meu lugar outro alguém!
De volta olho o céu do Itaim e busco pelos pássaros que trocam cortezias matinais em meio à garoa fina.
Está tudo diferente. Não me dei conta. Por onde andei?
As antenas já não as mesmas e as construções que nunca terminam também mudaram...
Dia frio e chuvoso que me remete a canção que diz "São Paulo da garoa!" e eu ainda criança!
Tenho pena de ti?
Meu olhar se distancia. Avisto a Serra coberta pela nuvem cinzenta ... Por um tempo acreditei que encontraria você atrás dela!
Bastava um pequeno gesto de locomoção e você estaria lá, à minha espera. Posso ver o cenário: Eu chegando, você de costas... Largas costas desnudas em razão do calor quase insuportável... Um segredo toma conta daquele bangalô. Segredo que eu sei mas temo admitir... Fecho os olhos! Sou despertada desta fulga instantânea pelos bem-te-vis agora num maravilhoso coro: "Bem-te-vi, Bem-te-vi! Bem-te-vi, Bem-te-vi!"
Neste cenário tristonho...
Tenho pena de mim!

domingo, 10 de outubro de 2010

Vão e voltam as estações


"Todos os dias é assim, eu me lembro de você!" ... Uma frase de uma canção brega. Que patético. Um castigo que consome meus dias feito uma praga, uma ira dos deuses. E eu vivo para ocupar meu coração, minha alma - sem sucesso. Pareço viver numa espécie de "feitiço do tempo" ... quando eu penso que vou viver um novo dia... volto ao principio... do fim. Fico procurando frenetica e desesperadamente voltar ao momento e local exato em que me perdi... Me magoo, me machuco, me condeno! Preciso do meu perdão... Os dias já não fazem grande sentido e eu me reduzo a simplemente passar as horas. Busco sentido à vida e tenho medo dela. Estou fadada a viver no passado? Um passado que não posso mudar. Um presente que não encontro sentido. Não... Não posso merecer tal punição! E o mundo gira... Vão e voltam as estações... E olho ao meu redor... O que vejo? Tantos sentidos para ser feliz... Um pecado para pagar... Quiçá algumas rezas e novenas ou mesmo algumas simpatias...O que estou dizendo? Ando descrente...Uma discrente a espera de um milagre... Que paradoxal! Sim! Esta é a palavra... Vivo um paradoxo. Uma dor que não tem remédio... Uma canção brega... Cujas rimas previsíveis são sem graça...Sem graça. E continuarei a ocupar meus dias para enganar a vida. Quem sabe num momento desses eu me encontre e feito magia, as rimas ganhem cores e sentidos como numa canção... brega, simples encantada!

"Poesia cor de rosa choque"




E lá, na ponta da viela, estava o pé de primavera... Cúmplice silenciosa e fiel da minha agonia diária. Todas as manhãs ao me adentrar ansiosa e solitária à viela sentia que aquele lindo pré de primavera me observava notando a minha passagem triste, cabisbaixa e com o coração aos pedaços!
Ele sofria comigo... Ele sofria... Suas flores caiam e teciam um lindo tapete trazendo aquela abandonada viela, beleza e encanto. Aos poucos perdia a cor rosa choque, ao passo que meus dias se tornavam cinzentos. Sofríamos da mesa dor... a perda!
O pé de primavera me ouvia... Já não falava sozinha! Sim ele me ouvia e me entendia!
E a viela se compadecia de nós...
Primaveras se anunciavam e se despediam...
Eu, o pé de primavera e a viela já nos conhecíamos e nos entendíamos tão bem. Um sentimento de cumplicidade permeava nossas vidas.
Nossa expectativa diária... Eu chegando, o pé de primavera me esperando, florindo de novo num esforço feliz de me mostrar que a vida se renova... A viela parecia sorrir...
Todo dia é dia de recomeçar...